Grupo
de Capoeira formado no final da década de 1960 por Mestre Suassuna. Destaca-se
entre os vários grupos pela excelência técnica e rica movimentação. Mestre
Suassuna sempre manifestou um cuidado extremo em relação à preservação da
beleza e da técnica na movimentação de Capoeira.
A Associação de Capoeira Cordão de Ouro foi fundada em 1o. de
setembro de 1967, em São Paulo, e é presidida até hoje pelo Mestre Suassuna.
Constitui, portanto, um trabalho de 33 anos que, sem nunca desligar-se de suas
fortes raízes, promoveu o desenvolvimento da capoeira em seus múltiplos
aspectos - cultural, artístico, esportivo, social, pedagógico. Nos
primeiros tempos da Cordão de Ouro, Mestre Suassuna e seu amigo e parceiro
Mestre Brasília faziam espetaculares apresentações de Capoeira,exibindo
avançadas técnicas de jogo e de luta; tempos difíceis aqueles, em queo preconceito
da sociedade paulistana em relação à Capoeira ainda era muito grande, e, como
ainda não tinham discípulos preparados (à exceção do Paulão, um cara alto,
magrão, de bigodes, pernas compridas e uma meia-lua de compasso perigosíssima,
mortal), os dois mestres tinham de se apresentar muitas vezes sozinhos (na
Academia, às vezes, jogavam ininterruptamente por três ou quatro horas
seguidas); com o tempo, começaram a despontar os seus primeiros
"bambas": Lobão, Esdrinhas, Tarzan, Malvina, Armando, Freguesia,
Almir das Areias, Caio, Miguel, Cidão, Belisco, Kenura, Zé Carlos... e o Grupo
começou a crescer. Em Itabuna, ficou Luiz Medicina, o primeiro discípulo
formado de Mestre Suassuna, e logo fundou o Grupo Raça, filiado à Cordão
de Ouro. Daquela região (Ilhéus, Itabuna etc.) vinham muitos capoeiristas,
assim como de Salvador, todos buscando uma oportunidade em São Paulo.
Suassuna os recebia e orientava, dando-lhes abrigo, apoio - algumas
vezes, até mesmo financeiro. Foi a fase em que sua academia, então na rua
das Palmeiras, ficou conhecida como "Consulado Nordestino". Ali se
travaram as mais espetaculares rodas de capoeira de que se tem notícia em São
Paulo; além dos Mestres que compõem o grupo de pioneiros da Capoeira paulista -
Suassuna, Brasília, Pinatti, Zé de Freitas, Ananias, Joel, Gilvan, Paulo Limão,
Silvestre, Esdras "Damião", Ayrton Onça -, muitos outros freqüentaram
aquelas rodas, travadas aos sábados à tarde. Era como ir à missa, pra ver os
mestres ensinarem...
O jogo de Suassuna se destacava entre todos. Não havia
quem o apanhasse na roda de capoeira, a despeito de sua pequena estatura.
Sobravam-lhe agilidade, habilidade técnica, velocidade sempre que necessário,
elasticidade, criatividade, um maravilhoso senso-de-humor e... malícia, muita
malícia.
Suassuna continuou trabalhando duro, e formando os seus bambas. A terceira leva
de bambas reunia capoeiristas espetaculares, plenos de recursos,
surpreendentes: Tihane, Biriba, Dal, Flávio
Tucano, Quebrinha, Risadinha de Zambi, Marcelo Caveirinha,
Ricardo Perez, Alegria, Marinheiro, Dr. Cícero, Falcon... ... ; outros vieram
depois, como Espirro-Mirim, Geraldinho, Urubu Malandro, Canguru, Sarará,
Tião, Durinho, Tourinho, Lucifer, Xavier, Geraldinho, Ponciano, Zé Antônio, Zé
Paulo, Bolinha, Plínio, Lou, Selma, Filipe, e tantos outros, todos
trabalhados pelo cinzel do Grande Feiticeiro, que sempre recusou o ensino
massificado, reservando a cada um a liberdade para bem definir o seu próprio
estilo de jogo. Daí a excelência destes e tantos outros jovens capoeiristas,
mestres, artistas/lutadores completos que, hoje, já começam a fazer história.
Isso, pra não falar das mais novas gerações, promessas de futuro,
capoeiristas que consagram o que hoje em dia já se chama de "Jogo do Miudinho".
Avesso a todos os rótulos, rebelde e
irrequieto, Mestre Suassuna bem pode estar neste exato momento trabalhando
alguma nova surpresa, a ser acrescentada ao rol daquelas já registradas em sua
monumental carreira de Grande Mestre de Capoeira.