domingo, 3 de fevereiro de 2013

Grupo muzenza




O Grupo Muzenza tem tradição na organização de campeonatos. No ano 2000 surge a ideia de organizar campeonatos Mundiais, que estão na 5ª edição e no ano de 2007, motivado pelo acelerado desenvolvimento da capoeira na Europa, decide-se realizar o Campeonato Europeu de capoeira, em Lisboa – Portugal. O 2º Campeonato Europeu realizou-se em Maio de 2008 em Paris – França, o 3ª Campeonato em Valladolid – Espanha e para a 4ª edição deste evento foi eleita a cidade de Albufeira – Portugal, onde esperamos ter muitos participantes não só pela grande quantidade de professores e praticantes que existem em Portugal, como também por oferecer um fácil acesso aos outros países participantes. Podendo também os atletas, professores e Mestres, desfrutar das belas paisagens de Albufeira, apreciar o mar envolvendo-se com a areia, numa fusão que privilegia a natureza e o bem-estar.

Com este Campeonato pretendemos mostrar a capoeira como modalidade desportiva, divulgar, preservar e potencializar essa arte que faz parte da história do Brasil e que tem um grande poder como instrumento para a promoção da saúde, do ócio, da cultura e da educação; promover o intercâmbio entre os vários segmentos da comunidade capoeirística e aperfeiçoamento técnico-táctico e estético-ritual da prática da capoeira e dos interessados nesta modalidade.

Grã mestre camisa roxa



O irmão mais velho de Mestre Camisa foi o primeiro capoeirista a enxergar mais longe, a entender que a profissionalização e organização eram fundamentais, a vislumbrar um caminho mais longo e conduzir a Capoeira pelo mundo afora. Hoje em qualquer país que se vá se encontra o jogo da Capoeira, mas há 25 anos atrás quando Camisa Roxa levou pela primeira vez um grupo de capoeiristas para a Europa, estava apostando tudo num projeto em que só eles acreditavam. 
Camisa Roxa nasceu em 1944, na Fazenda Estiva, no interior da Bahia. Era o irmão mais velho de uma família de muitos filhos. Com a morte de seu pai, quando tinha 21 anos, Camisa Roxa se tornou responsável pela criação e educação de seus irmãos mais novos, Mestre Camisa na época tinha oito anos de idade. 
Foi no ano de 1973 que Edvaldo Carneiro e Silva, Grão Mestre Camisa Roxa, fez sua primeira viagem para a Europa. Nesta época seu irmão José Tadeu, Mestre Camisa, era um rapaz de apenas 17 anos, recém chegado ao Rio de Janeiro que, nem imaginava a importância que ambos teriam no Brasil e no mundo para a arte da Capoeira. 
Camisa Roxa começou a praticar Capoeira aos 10 anos de idade como divertimento, o que mais tarde foi copiado por todos os outros irmãos. Na década de 60, foi para Salvador fazer o científico e começou a treinar na Academia de Mestre Bimba, onde se formou e foi considerado o melhor aluno pelo Mestre. Seus irmãos ErmivalPedrinho e Camisa também se formaram na Academia de Bimba
O apelido do Grão Mestre surgiu devido ao fato de que ele sempre freqüentava as rodas de Capoeira da Bahia vestindo uma camisa roxa da qual gostava muito. Gostava também de jogar nas rodas de Capoeira tradicional da academia de Mestre Pastinha e nas rodas dos Mestres Waldemar e Traíra na rua Pero Vaz, onde era muito respeitado por sua postura e o grande conhecimento que possuía dos fundamentos da Capoeira. Camisa Roxa pensa a Capoeira como um todo, reunindo Regional e Angola. 
Depois de dar aulas em diversas academias e clubes em Salvador, Camisa Roxa formou um grupo e decidiu divulgar sua arte mundo afora. Hoje, ele comanda uma equipe de 40 pessoas que se apresentam no mundo inteiro em teatros, televisão, shows, encontros e seminários. Ele é responsável pela coordenação da ABADÁ-CAPOEIRA na Europa, e realiza regularmente cursos práticos de reciclagem para os instrutores e professores que atuam por lá. É também o organizador do Encontro de Primavera Capoeira na Europa que é realizado de dois em dois anos na Áustria. Este evento visa a integração e a utilização de alunos da Europa e EUA através de aulas teóricas e práticas ministradas por mestres convidados do Brasil.

grupo de capoeira cordão de ouro



Grupo de Capoeira formado no final da década de 1960 por Mestre Suassuna. Destaca-se entre os vários grupos pela excelência técnica e rica movimentação. Mestre Suassuna sempre manifestou um cuidado extremo em relação à preservação da beleza e da técnica na movimentação de Capoeira.
   A Associação de Capoeira Cordão de Ouro foi fundada em 1o. de setembro de 1967, em São Paulo, e é presidida até hoje pelo Mestre Suassuna. Constitui, portanto, um trabalho de 33 anos que, sem nunca desligar-se de suas fortes raízes, promoveu o desenvolvimento da capoeira em seus múltiplos aspectos - cultural, artístico, esportivo, social, pedagógico.  Nos primeiros tempos da Cordão de Ouro, Mestre Suassuna e seu amigo e parceiro Mestre Brasília faziam espetaculares apresentações de Capoeira,exibindo avançadas técnicas de jogo e de luta; tempos difíceis aqueles, em queo preconceito da sociedade paulistana em relação à Capoeira ainda era muito grande, e, como ainda não tinham discípulos preparados (à exceção do Paulão, um cara alto, magrão, de bigodes, pernas compridas e uma meia-lua de compasso perigosíssima, mortal), os dois mestres tinham de se apresentar muitas vezes sozinhos (na Academia, às vezes, jogavam ininterruptamente por três ou quatro horas seguidas); com o tempo, começaram a despontar os seus primeiros "bambas": Lobão, Esdrinhas, Tarzan, Malvina, Armando, Freguesia, Almir das Areias, Caio, Miguel, Cidão, Belisco, Kenura, Zé Carlos... e o Grupo começou a crescer. Em Itabuna, ficou Luiz Medicina, o primeiro discípulo formado de Mestre Suassuna, e  logo fundou o Grupo Raça, filiado à Cordão de Ouro. Daquela região (Ilhéus, Itabuna etc.) vinham muitos capoeiristas, assim como de Salvador, todos buscando uma oportunidade em São Paulo.
    Suassuna os recebia e orientava, dando-lhes abrigo, apoio - algumas vezes, até mesmo  financeiro. Foi a fase em que sua academia, então na rua das Palmeiras, ficou conhecida como "Consulado Nordestino". Ali se travaram as mais espetaculares rodas de capoeira de que se tem notícia em São Paulo; além dos Mestres que compõem o grupo de pioneiros da Capoeira paulista - Suassuna, Brasília, Pinatti, Zé de Freitas, Ananias, Joel, Gilvan, Paulo Limão, Silvestre, Esdras "Damião", Ayrton Onça -, muitos outros freqüentaram aquelas rodas, travadas aos sábados à tarde. Era como ir à missa, pra ver os mestres ensinarem...
    O jogo de Suassuna se destacava entre todos. Não havia quem o apanhasse na roda de capoeira, a despeito de sua pequena estatura. Sobravam-lhe agilidade, habilidade técnica, velocidade sempre que necessário, elasticidade, criatividade, um maravilhoso senso-de-humor e... malícia, muita malícia.
    Suassuna continuou trabalhando duro, e formando os seus bambas. A terceira leva de bambas reunia capoeiristas espetaculares, plenos de recursos, surpreendentes: Tihane, Biriba, Dal, Flávio Tucano, Quebrinha,  Risadinha de Zambi, Marcelo Caveirinha, Ricardo Perez, Alegria, Marinheiro, Dr. Cícero, Falcon... ... ; outros vieram depois, como Espirro-Mirim, Geraldinho, Urubu Malandro, Canguru, Sarará,  Tião, Durinho, Tourinho, Lucifer, Xavier, Geraldinho, Ponciano, Zé Antônio, Zé Paulo, Bolinha, Plínio, Lou, Selma, Filipe, e tantos outros, todos trabalhados pelo cinzel do Grande Feiticeiro, que sempre recusou o ensino massificado, reservando a cada um a liberdade para bem definir o seu próprio estilo de jogo. Daí a excelência destes e tantos outros jovens capoeiristas, mestres, artistas/lutadores completos que, hoje, já começam a fazer história.
    Isso, pra não falar das mais novas gerações, promessas de futuro, capoeiristas que consagram o que hoje em dia já se chama de "Jogo do Miudinho".
     Avesso a todos os rótulos, rebelde e irrequieto, Mestre Suassuna bem pode estar neste exato momento trabalhando alguma nova surpresa, a ser acrescentada ao rol daquelas já registradas em sua monumental carreira de Grande Mestre de Capoeira.

Capoeira angola



Capoeira de Angola ou somente Angola é o estilo de capoeira mais próximo de como os negros escravos jogavam a capoeira. Caracterizada por ser mais lenta, porém rápida, movimentos furtivos executados perto do solo, como em cima, ela enfatiza as tradições da capoeira, que em sua raiz está ligada aos rituais afro-brasileiros, caracterizados pelo candomblé. Sua música é cadenciada, orgânica e ritualizada e o correto é estar sempre acompanhada por uma bateria completa de oito instrumentos, chamada de bateria de Angola. [1]
É uma manifestação da cultura popular brasileira onde coexistem aspectos normalmente compreendidos de forma segmentada pela cultura que se fez oficial, como o jogo, a dança, a mímica, a luta e a ancestralidade, unidas de forma coesa, simples e sintética. Possui suas origens em elementos da cultura de vários matizes de povos africanos que foram escravizados e mantidos em cativeiro no Brasil no século XIX, sincretizados com elementos de culturas nativas (povos indígenas) e de origem europeia.
Desde um início de sua formação até os dias de hoje, a capoeira diferenciaram-se em diferentes "estilos", cada marcado por suas visões próprias, hábitos específicos e interações com a cultura local de cada região. Atualmente, essas diferentes leituras acerca da capoeira estão manifestas através da prática dos diferentes grupos e declaradas em duas principais vertentes: a capoeira de Angola, que possui como referência Mestre Pastinha, e a capoeira regional, que tem como seu principal personagem Mestre Bimba.
A capoeira Angola, diferencia-se da luta regional baiana de Mestre Bimba por possuir maior ênfase em características como o jogo, a brincadeira e a busca pela ancestralidade, possuindo em regra movimentos mais lentos, rasteiros e lúdicos. Na "roda de Angola" coexistem diferentes estéticas relativas aos seus diversos grupos e a individualidade de cada "Ang oleiro", onde o objetivo é a busca intensiva e recíproca pelo "as", dentro dos fundamentos da arte.
A capoeira Angola não tem uma data definida em que teria sido criada, nem uma pessoa a quem possamos atribuir com certeza a sua criação. Apesar disto, sempre que falamos de capoeira Angola temos o nome de Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha1889 -1981) associado a ela. Pastinha foi um grande defensor da capoeira Angola, divulgando-a e introduzindo-a na sociedade de um modo geral, fazendo, assim, com que a capoeira deixasse de ser vista tão somente como uma luta marginalizada praticada por vândalos e arruaceiros, ao mesmo tempo em que criava a primeira escola de capoeira angola criada no Brasil.
Pastinha defendia arduamente a capoeira Angola, e pretendia, assim, fazer com que esta mantivesse sua força, não perdendo suas principais características. Para isto, divulgou a capoeira até onde pôde e como pode: fez muitas viagens ao exterior, inclusive para África, como principal representante da capoeira. Pastinha também formou muitos alunos, garantindo, assim, o futuro da capoeira angola.
Atualmente, existem algumas associações que representam exclusivamente a capoeira Angola e buscam, principalmente, resgatar as antigas tradições da Angola, já que não só ela, mas a capoeira no geral evoluiu e hoje em dia apresenta diferenças próprias da renovação das tradições.
 Graças ao esforço de muitos Mestres e pessoas envolvidas com a capoeira.

o objetivo e a metodologia da globalização da capoeira





O principal objetivo desse artigo é analisar o processo de internacionalização da capoeira a partir de experiências sistematizadas em seis países da Europa.

Metodologia

Foi adotada uma combinação de observações participantes com entrevistas semi-estruturadas, através das quais procuramos interagir e compartilhar com o cotidiano dos sujeitos, observando e registrando suas ações. Foram observadas aulas práticas e teóricas, intercâmbios, comemorações, exibições e confraternizações. Foram entrevistados os líderes de grupos que já desenvolvem trabalhos sistematizados no exterior há mais de três anos. 
Ciente da complexidade do processo de análise de dados qualitativos, convém destacar que procedemos a análise e a interpretação dos dados numa perspectiva não-linear, atentando para os critérios relativos à credibilidade, transferibilidade, consistência e confirmabilidade, durante toda a investigação, através de teorizações progressivas em um processo interativo com a coleta de dados.

A Internacionalização da capoeira: De Símbolo de Brasilidade a Patrimônio Cultural da Humanidade

Quando muitos capoeiras brasileiros começaram a sair do país, a partir do início da década de 1970, para trabalhar em grupos folclóricos no exterior, em busca de apoio e reconhecimento, não tinham idéia da magnitude que esse fenômeno viria a ter três décadas mais tarde. No início, tudo era muito difícil e a rua era, freqüentemente, o único espaço que eles encontravam para expressar sua arte ou para manter contatos com outros artistas do cotidiano, como palhaços e malabaristas das mais diversas origens.

O principal motivo da saída do Brasil de uma avalanche de mestres, professores e iniciados em capoeira para o exterior é determinado por fatores econômicos e está relacionado com a busca de melhores opções de trabalho, reconhecimento e prestígio. Se, no Brasil, a mensalidade para se fazer aulas de capoeira três vezes por semana oscila em torno de R$ 30,00 (trinta reais, o equivalente a US$ 10 – dez dólares), nas principais cidades americanas e européias este valor corresponde a apenas uma hora de atividade. Para fazer uma aula de capoeira na Academia Alvin Alley Ballet, em Nova York, com a Mestra brasileira Edna Lima, o interessado tem que pagar US$ 20 (vinte dólares) (SANTANA, 2001, p. 7).

Esse movimento de expansão traz conseqüências inusitadas para a capoeira e é visto, por muitos, como algo sedutor, embora venha causando inquietações por parte de alguns preocupados com a “manutenção” das suas tradições. Se, por um lado, muitos alegam que isso vem contribuindo para um certo distanciamento dos princípios e valores que delegaram à capoeira um emblema de “luta de resistência” contra a exploração, por outro, muitos consideram que esse processo está contribuindo para a valorização das referências culturais africanas e para despertar um interesse maior pelo Brasil e pela cultura brasileira.
Muitos analistas apregoam que, nos EUA, a capoeira tem contribuído, também, para revitalizar o elo entre os negros americanos e a África, cuja relação foi abalada pelo processo violento de segregação desencadeado em séculos passados. Na busca desse “elo perdido”, muitos americanos vêm para o Brasil com o objetivo de “beber na fonte” e procuram conhecer os mestres mais representativos desta arte-luta.

Convém destacar que o grande interesse dos estrangeiros pela capoeira se desdobra imediatamente em dois desejos, conhecer o Brasil e falar o português. Muitos mestres e professores que ministram aulas no exterior, em busca de um apelo ao mais “tradicional”, fazem questão de se expressarem no idioma português. Falar português nas aulas de capoeira é um requisito que opera como uma espécie de “selo de qualidade” e vem contribuindo para abrir campos de trabalhos antes impensáveis. O Hunter College, uma das mais tradicionais faculdades de Nova York, já oferece cursos regulares de português, em decorrência da demanda provocada pela capoeira (Nunes, 2001, p. 3).

O movimento de difusão da capoeira no contexto mundial é mais visível e intenso em direção aos Estados Unidos e à Europa. Com raras exceções, comprometidas politicamente em desenvolver trabalhos de “retorno” dessa arte-luta à África, a maioria das iniciativas se destina aos países centrais do capitalismo.

Essa exportação não convencional (na forma de um símbolo étnico), que se expressa pelo movimento de saída de capoeiras do Brasil para trabalharem em outros países, assume dimensões complexas e controvertidas.

Neste movimento complexo, a capoeira vem se inserindo de forma cada vez mais abrangente em vários setores da comunidade internacional. Como conseqüência, algumas “bandeiras” cultivadas e defendidas por seus precursores, como a oralidade, o improviso, a “mandinga”, a resistência cultural, são subestimadas, para darem lugar a outras categorias mais “sintonizadas” com o momento atual, tais como: “mercadoria étnica”, “folia de espírito”, “malhação” e “espetacularização” etc. (VASSALLO, 2003).

O abandono de determinados rituais considerados “tradicionais” é outro aspecto que intriga experimentados capoeiras incomodados com os lampejos de modernidade que, freqüentemente, desconstroem procedimentos rudimentares, mas que, para muitos, exercem um poder simbólico muito eficiente nesse contexto.

Estamos presenciando a construção de uma diáspora brasileira, e a capoeira insere-se, indubitavelmente, como um dos carros chefes desse processo. O fato é que ela vem se expandindo em escala geométrica por todo o globo, e o incremento desse movimento de internacionalização tem ocorrido em comunhão com outros símbolos da cultura brasileira, como o carnaval, o samba, o pagode etc. É possível afirmar que essa diáspora brasileira se constrói sob os ditames da “globalização econômica” que produz uma brasilidade idealizada, construída por cima e ao largo das gritantes diferenças culturais e econômicas que moldam a realidade concreta do povo brasileiro.

Acompanhando e Analisando Experiências Significativas de capoeira pela Europa

Por ocasião das nossas investigações, visitamos importantes instituições de ensino e pesquisa, em especial, faculdades de Educação Física em diferentes países. Em algumas delas, existem trabalhos sistematizados de capoeira que funcionam como projetos de extensão ou como atividades extracurriculares, em que professores brasileiros são contratados por tempo determinado para ministrarem atividades aos que se interessarem. Geralmente, os discípulos pagam taxas que oscilam entre vinte e cinqüenta euros por mês (que corresponde entre sessenta e cento e cinqüenta reais) e, é do montante dessas taxas que provém o pagamento do professor de capoeira, como é o caso dos projetos do Estádio Universitário da Universidade de Lisboa, da Universidade de Varsóvia e da Universidade de Oslo.

O primeiro trabalho de ensino sistematizado de capoeira na Europa foi empreendido pelo reconhecido mestre Nestor capoeira . Embora alguns capoeiras brasileiros tenham realizado espetáculos pela Europa desde 1951, foi Nestor capoeira quem iniciou o processo de ensino sistematizado desta manifestação na Europa, na London School of Contemporary Dance, Inglaterra.

A partir do mestre Nestor capoeira, milhares de workshops e oficinas pipocaram por toda a Europa. Em entrevista, o referido mestre declarou que, embora tenha sabido da passagem de mestre Artur Emídio pela Europa, para participar de shows e ministrar oficinas, foi ele que, em 1971, começou a ministrar aulas sistemáticas de capoeira no Velho Continente.

Ao longo dos últimos trinta anos, o movimento da capoeira na Europa intensificou-se significativamente, fazendo com que ela adquirisse expressiva densidade, mas no começo, tudo era muito difícil pela falta de informação sobre o que realmente significava esse misto de dança-luta-jogo.

O depoimento do mestre Barão, que desenvolve um conhecido trabalho de capoeira em Porto, ao norte de Portugal, serve para ilustrar esse complexo e conflituoso movimento:
Eu nasci perto de Aracaju (capital do estado de Sergipe-Brasil), em Itaporanga da Juda, lá no meio do mato, numa família humilde, mas honesta também. Depois fomos para Santos-SP, morar lá no Nova Sintra, no morro. A gente morava numa casinha humilde, morava num quarto onde todo mundo dormia junto. Depois eu ia estudar, depois das aulas eu ia vender doce no ponto final dos ônibus, em Santos. Vender bananinha para ajudar minha família, né. Depois eu parei de vender doce e fui trabalhar com um português, carregando lavagem nas costas de domingo a domingo. Depois fui trabalhar na oficina, aprender a função de mecânico. Aí, estudei. Depois fiz um concurso, entrei nas docas. Aí, ganhei uma passagem e vim cair aqui em Portugal. Cheguei aqui em 1994. Tenho nove anos aqui. E faço também um trabalho social porque eu gosto de ajudar as crianças mais carentes porque é importante você fazer uma criança sorrir, não só no Natal, mas também no ano todo (...) (mestre Barão, comunicação pessoal, 08 de junho de 2003).