Estilos
de capoeira
Existem
muitos tipos de capoeira. Os dois principais são a Capoeira Angola e a Capoeira
Regional. Mesmo existindo grupos de capoeira com apenas um estilo, a
maioria dos grupos tenta misturá-los de alguma maneira.
Capoeira de Angola
A Angola
é o estilo mais próximo de como os escravos jogavam a Capoeira. Caracterizada
por serem mais lenta, movimentos furtivos executados perto do solo, ela
enfatiza as tradições da Capoeira, sua música é lenta e quase sempre está
acompanhada por uma bateria completa de instrumentos.
A
designação “Angola” aparece com os negros que vinham para o Brasil oriundo da
África, embarcado no Porto de Luanda que, independente de sua origem, eram
designados na chegada ao Brasil de “Negros de Angola”, vide ABC da Capoeira
Angola escrito pelo Mestre Noronha quando ele cita o Centro de Capoeira Angola
Conceição da Praia, criado pela nata da capoeiragem baiana no início dos anos
1920. Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha) foi o grande ícone do estilo.
Grande defensor da preservação da Capoeira Angola, inaugurou em 23 de fevereiro
de 1941 o Centro Esportivo de Capoeira Angola. Dos ensinamentos do Mestre
Pastinha foram formados grandes mestres da capoeiragem Angola, a exemplo dos
Mestres: João Pequeno, João Grande, Valdomiro Malvadeza, Albertino da Hora,
Raimundo Natividade, Gaguinho Moreno, 45, Pessoa Barba, Trovoada, Bola Sete,
dentre outros que continuam transmitindo seus conhecimentos para os novos
angoleiros.
É comum a
primeira vista ver o jogo de Angola como não perigoso ou não elaborado, contudo
o jogo Angola se assemelha ao xadrez pela complexidade dos elementos
envolvidos. Por não ter uma sistemática estruturada de aprendizado como a
Regional, seu domínio é muito mais complicado, envolvendo não só a parte
mecânica do jogo, mas também características como sutileza, o subterfúgio, a
dissimulação ou mesmo a brincadeira para superar o oponente. Um jogo de Angola
pode ser tão ou mais perigoso do que um jogo de Regional.
Capoeira
Regional
A capoeira regional foi criada
por Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado, 1899-1974).
Bimba criou sequências de ensino
e metodizou o ensino de capoeira. Inicialmente, Bimba chamou sua capoeira de
“Luta regional baiana”, de onde surgiu o nome regional.
Manoel
dos Reis Machado, conhecido por ser um habilidoso lutador nos ringues, e
inclusive, ser um exímio praticante da capoeira Angola, procurou fazer com que
a capoeira tivesse uma maior força como luta e fez isto incorporando a ela
novos golpes. Um fato que é conhecido é de que Bimba teria incorporado golpes
do Batuque, uma luta já extinta, que era rica em golpes traumáticos e
desequilibrastes. Inclusive, sabe-se que o pai de Mestre Bimba era praticante
desta luta.
Há muita
discussão também sobre se Bimba teria ou não absorvido golpes de outras lutas,
como judô, o jiu-jítsu, a luta livre e o savate, luta de origem francesa, para
compor sua capoeira Regional. Entre os velhos mestres, essa é a opinião
vigente, mas, apesar disso, eles não acham que este fato seja negativo ou descaracteriza
dor.
A Regional
Surgiu
por volta de 1930. Mas Mestre Bimba se preocupou não só em fazer com que a
capoeira fosse reconhecida como luta, ele também criou o primeiro método de
ensino da capoeira, as “sequências de ensino” que auxiliavam o aluno a desenvolver
os movimentos fundamentais da capoeira.
Em 1932,
foi fundada por Mestre Bimba a primeira academia de capoeira registrada
oficialmente, em Salvador, com o nome de “Centro de Cultura Física e Capoeira
Regional da Bahia”.
Das
muitas apresentações que Mestre Bimba fez talvez a mais conhecida tenha sido a
ocorrida em 1953, para o então presidente Getúlio Vargas, ocasião em que teria
ouvido do presidente: “A capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional.”.
Na
academia de Mestre Bimba, a rigorosa disciplina que vigorava determinava três
níveis hierárquicos: “calouro”, “formado” e “formado especializado”. Uma das
maiores honras para um discípulo era poder jogar Iúna, isto é, jogar na roda de
capoeira ao som do toque denominado Iúna, executado pelo berimbau. O jogo de
Iúna tinha a função simbólica de promover a demarcação do grupo dos formados
para o grupo dos calouros. A única peculiaridade técnica do jogo de Iúna em
relação aos jogos realizados em outros momentos no ritual da roda de capoeira
era a obrigatoriedade da aplicação de um golpe ligada no desenrolar do jogo,
além do fato de destacar-se pela maior habilidade dos capoeiristas que o
executavam. O jogo de Iúna era praticado apenas ao som do berimbau, sem palmas
ou outros instrumentos o que reforçava seu caráter solene. Ao final de cada
jogo, todos os participantes aplaudiam os capoeiristas que saíam da roda.
A
Regional é mais recente, com elementos fortes de artes-marciais em seu jogo. A
Regional (Luta Regional Baiana) tornou-se rapidamente popular, levando a
Capoeira ao grande público e mudando a imagem do capoeirista tido no Brasil até
então como um marginal. Seu jogo é mais rápido, mas também existem jogos mais
lentos e compassados. Apesar do que muitos pensam, na capoeira regional não são
utilizados saltos mortais, pois um dos fundamentos da capoeira regional,
segundo Mestre Bimba é manter no mínimo uma base ao solo (um dos pés ou uma das
mãos). O forte da capoeira regional são as quedas, rasteiras, cabeçadas.
Em toques
rápidos como São Bento Grande de Bimba se faz um jogo mais rápido, porém sempre
com manobras de ataque e defesa (importante ressaltar que todos os golpes devem
ter objetivo), mas sempre respeitando o camarada vencido (parar o golpe se
perceber que ele machucará o parceiro, mostrando assim sua superioridade e
humildade diante do camarada). Ambos os estilos são marcados pelo uso de
dissimulação e subterfúgio – a famosa mandinga – e são bastante ativos no chão,
sendo frequentes as rasteiras, pontapés, chapas e cabeçadas.
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